Têm dentes e não comem,
têm barbas e não são homem.

No mar tenho meu príncipio,
ter na terra nascido,
o primeiro que tomei
logo mo levou o vento
que quase despido fiquei.

No monte me criei,
nasci entre verdes laços,
o que mais chora por mim
é o que me faz em pedaços.

Venho vestido de frade,
mas nunca faço oração,
branco de neve é meu hábito,
cor de ouro o coração.

Verde por fora,
encarnada por dentro,
com muitas mulatinhas no centro.

Numa casinha sem porta,
fechada estou sem janela,
mas que aproveita ou importa
se me tiram dela só para ser morta?

É uma caixinha de bem-querer,
não há carpinteiro que a saiba fazer.